Dia destes, passando pela Rua Miranda Reis, sentido a Av. Cel. Escolástico, em Cuiabá, passei por um sujeito que estava sentado numa soleira de porta, mão estendida, pedindo um “ajutório”. Não lhe vi nada que pudesse justificar a mendicância, jovem ainda, barba crescida e sem um braço. Fiquei pensando: será que é pela falta de um braço que ele está pedindo esmolas? E aí me lembrei de atletas que correm sem as pernas, com pernas mecânicas, quero dizer, gente que disputa olimpíadas de natação sem uma perna, sem um braço, gente com o corpo por metade.
Por que aquele sujeito pedia esmolas “só” por não ter um braço? Porque é covarde, acomodado, vê-se como vítima da vida. E assim vivem muitas pessoas, perfeitas, corpos saudáveis, braços, pernas, cabeça boa e… vadias. Chorões existenciais. Nenhum defeito físico justifica a pobreza na vida. Só a vagabundagem da cabeça é que pode justificar. Vontades transformam misérias em riquezas. Vontades.